Desde então, muito do extraordinário crescimento da empresa — que hoje disputa com a General Motors a liderança mundial — deve-se ao sedã chamado Corolla, que já vendeu mais de 30 milhões de unidades pelo mundo em 38 anos.
A modesta primeira geração, em 1966: motor de 1.1 de 60 cv, tração traseira, rodas de 12 polegadas, freios a tambor.
A primeira geração desse símbolo da marca, designada como KE10, foi lançada em novembro de 1966: um sedã duas-portas compacto (3,85 m de comprimento e 2,28 m entre-eixos) e leve (710 kg), com tração traseira. O motor longitudinal tinha quatro cilindros, 1.1, que tinha comando de válvulas no bloco, 60 cv de potência e 8,5 mkgf de torque. A marca o anunciava com "acessíveis 100 cm³ a mais", em alusão ao motor 1.0 do concorrente Nissan Sunny. Tudo era simples, comprovado e por isso robusto, como a suspensão posterior de eixo rígido com feixe de molas semi-elíticas (saiba mais); a dianteira era independente, McPherson.O modelo de quatro portas e a perua de duas portas chegavam em maio de 1967, e um cupê — o Corolla Sprinter — em abril de 1968, mesmo ano em que se iniciavam as vendas nos Estados Unidos. A Toyota já oferecia naquele mercado o Crown, sem muito êxito, mas a chegada do Corolla trouxe-lhe um vigor sem data para acabar: os americanos convenciam-se com ele de que os carros japoneses aliavam economia, resistência e qualidade. No ano subsequente um motor 1.2L, de 68 cv e 9,3 mkgf de torque era adotado em algumas versões.
O segundo Corolla, em 1970, já oferecia quatro portas, versão perua, motor de 1.2L e câmbio automático no mercado americano já reformulado.
Não levaram quatro anos para que, em maio de 1970, viesse a segunda geração (KE20). O entre-eixos aumentava em 5 cm e o comprimento em 10, surgia a perua de cinco portas e o motor de 1.2L aposentava o de 1.1, além de oferecer a opção de câmbio automático no mercado americano. Estava também mais pesado, 780 kg, e adotava freios dianteiros a disco. A esse tempo a Toyota já era o quarto maior fabricante do mundo, só atrás das "três grandes" dos EUA — Chevrolet, Ford e Chrysler, nesta ordem.
Em agosto desse ano, no Japão, vinha o Sprinter quatro-portas; em março seguinte, os cupês de alto desempenho Corolla Levin e Sprinter Trueno, com motor de 1.6, duplo comando de válvulas, 73 cv de 14,5 mkgf. A denominação Levin homenageava um circuito de corridas na cidade neozelandesa de mesmo nome.
O Corolla cupê (na foto um de 1972) deu origem às versões Levin e Sprinter Trueno, com motor 1.6 de duplo comando: o pequeno japonês começava a se destacar em desempenho.
O Corolla não demorou a se tornar o segundo veículo mais vendido no mundo, conquistando mais e mais mercados. Não prometia emoção ou grande desempenho, mas se revelava um eficiente e acessível meio de transporte pessoal para pessoas de ambos os sexos, todas as idades e os mais variados estilos de vida. Em muitos países adquiriu a mesma difusão que o Fusca teve no Brasil.Enquanto os americanos o viam ganhar pára-choques mais volumosos (para atender às normas de segurança federais) e câmbio de cinco marchas opcional, em 1974, os japoneses conheciam a terceira geração, KE30, em abril daquele ano — a anterior, porém, mantinha-se disponível por mais dois anos. Seu estilo era um tanto pesado, com uma grade dianteira alta e protuberante, talvez querendo brigar com o Mustang e outros esportivos americanos. O carro vinha com entre-eixos de 2,37 metros, rodas de 13 polegadas em algumas versões e uma opção de cupê sem coluna central. A gama de motores abrangia o 1.2 de 55 cv, 1.3 de 68 cv, 1.4 de 82 cv e o 1.6 de 75 à 83 cv.
O quatro-portas da terceira geração: maior e com várias opções de motores, exagerava no desenho da grade, alta e protuberante
Em janeiro de 1976 surgia para os esportivos Sprinter e Sprinter Trueno com a carroceria denominada Liftback, um hatch de três portas com perfil mais baixo e esportivo. Nos EUA, onde era chamado apenas de Corolla Liftback, ele procurava evitar o rótulo de fastback já aplicado a compactos da indústria local, como o Ford Pinto. O motor mais potente, o 1.6, oferecia 108 cv e 14,7 mkgf. Um três-volumes de linhas mais dinâmicas, o Sport Coupé, era introduzido como opção mais acessível ao cupê Celica. O quarto Corolla, com linhas tão retas que pareciam esculpidas com um machado, foi lançada apenas em abril de 1979, um ano após o esperado. Mais 3 cm na distância entre eixos (agora 2,40 metros, em um comprimento de 4,05 m) e molas helicoidais na suspensão traseira (exceto na perua), no lugar das desconfortáveis semi-elíticas, eram novidades. Foi a última série com tração traseira e versões de duas portas do sedã e da perua. A linha incluía carrocerias Liftback, Coupé e Hardtop (um cupê com jeito de conversível).
Adepto das formas retilíneas, o quarto Corolla ganhava conforto com molas traseiras helicoidais e oferecia motores até 1.8.
Como antes, exibia ampla escolha de motores: 1.3 de 69 cv, 1.5 de 75 cv e duas versões do 1.6, com 75 e 108 cv - todos com rodas de 13 polegadas e pneus radiais. O propulsor de topo nos EUA era maior, um 1.8 de 75 cv (ainda com comando de válvulas no bloco), de modo a oferecer o torque em baixa rotação que o público local exige; era oferecido com câmbios de quatro e cinco marchas e com o automático de três (o de quatro aparecia três anos depois). Em seu último ano, 1983, um motor 1.6 com comando único no cabeçote, mais suave e potente, era introduzido.Chega a tração dianteira
Em maio de 1983 vinha a 5ª geração do Corolla, com uma mecânica que rompia tradições: motor transversal, tração dianteira e suspensão traseira independente McPherson (salvo nos cupês Corolla Levin e Sprinter Trueno e na perua, ainda feitos na antiga plataforma de tração traseira). Essa solução, que resultava em um conjunto mais compacto e eficiente, havia tomado conta da produção mundial de carros médios e pequenos e a Toyota não queria ficar de fora. De fato, desde 1979 oferecia um modelo menor — o Tercel — com tração dianteira, mas de motor ainda longitudinal.Por baixo do estilo ainda quadrado, a 5ª geração evoluía na mecânica: motor transversal, tração dianteira, suspensão independente atrás. A versão esportiva Trueno, ainda com a antiga plataforma, chegava a 124 cv
Os modelos de quatro e cinco portas, ainda com estilo retilíneo, tinham 2,43 m entre-eixos e maior peso (de 880 a 970 kg). Os motores passavam pelo 1.3 de 65 cv, para o recém-lançado 1.6 de 84 cv e um diesel (1.8 de 58 cv) em alguns mercados. Um outro 1.6, de duplo comando e 16 válvulas, era aplicado em 1984 ao cupê, ao hatch três-portas e ao Liftback, com interessantes 124 cv e 15,2 mkgf. Tornaria a versão Sprinter Trueno (ainda de tração traseira) um sucesso entre os competidores de drifting, provas de derrapagem que são mania no Japão.
Esse propulsor seria usado também no esportivo MR2 de motor central. Já o Corolla FX 16 associava o formato de cupê à tração dianteira, em 1987, com as versões de comando único e duplo do 1.6. Era o primeiro modelo da série produzido nos Estados Unidos, em uma fábrica compartilhada com a General Motors na Califórnia, que resultaria também no clone, o Chevrolet Nova.
Exatos quatro anos depois da quinta geração nascia a próxima, em 1987, com o mesmo entre-eixos (2,43 metros), maior largura e duas carrocerias distintas, Corolla e Sprinter. As formas estavam bem mais arredondadas e a perua uniformizava-se com a plataforma de tração dianteira. Usavam motores 1.3 de 75 cv (não disponível nos EUA), 1.8 diesel de 64 cv e 1.6 em três opções: 90 cv, 100 e 124 cv, estes com duplo comando e injeção. O mais potente equipava o GT-S, esportivo que incluía rodas de 14 polegadas com pneus 185/60 e freios a disco também atrás. Pela primeira vez o Corolla pesava mais de uma tonelada, chegando a 1.080 kg com o diesel. Para a perua era disponível a tração integral All-Trac. O sedã com o mesmo recurso, que existia no Japão, foi oferecido nos EUA por apenas um ano, em 1989. O cupê e o Liftback estavam integrados em definitivo à linha, com tração dianteira e um visual mais moderno, embora o abandono das rodas traseiras motrizes representasse uma falta imperdoável entre seus admiradores. No ano seguinte a injeção era estendida a toda a linha e o GT-S passava a 130 cv.
A evolução continua
Em junho de 1991, era lançada no Japão a 7ª geração do Corolla. Com entre-eixos pouco maior, 2,46 metros, continuava a ter carrocerias distintas como Sprinter e Corolla, este como sedã e perua de quatro portas e hatch de três e cinco portas (em maio de 1992). Curioso é que os americanos só o tiveram em 1993, por haver produção local do carro. Naquele mercado deixavam de existir a perua de tração integral e os cupês.
Ainda nos EUA, ao motor 1.6 de 105 cv, vinha o sucessor, o 1.8 de 115 cv, com duplo comando e 16 válvulas, com opção entre três e quatro marchas no câmbio automático. Entre os itens de série da família estavam bolsa inflável para o motorista e rodas de 14 polegadas. Os japoneses tinham mais opções sob o capô: 1.3 de 88 cv, 1.6 de 115 cv, 2.0 diesel de 72 cv e uma versão picante com 160 cv de até 16,5 mkgf, usada só no hatch. Para os americanos, em 1996 o sedã recebia apliques que ligavam visualmente as lanternas traseiras.
No Japão, maio de 1995 marcou a chegada do 8º Corolla, com a mesma plataforma do anterior e carroceria unificada com o Sprinter. O desenho continuava comportado. Já com 4,3 metros de comprimento no sedã e bem mais pesado (até 1.230 kg), podia ter os motores 1.3 de 88 cv, 1.6 de 110 cv e 2.0 diesel de 72 cv. Os americanos, contudo, só tiveram sua renovação em 1998, com um novo motor 1.8 de 120 cv, mais eficiente. Itens de segurança como bolsas infláveis laterais e freios ABS eram opcionais e não mais havia a perua nos EUA.
Em 1997 o Corolla havia-se tornado o carro mais vendido da história automotiva, ao superar o Volkswagen Fusca. Até então os europeus recebiam o mesmo modelo do Japão, mas nessa época o cenário mudava. Enquanto os modelos americanos e japoneses davam continuidade ao estilo sóbrio, na Europa e na Austrália aparecia um desenho frontal arrojado, com faróis ovais e grade perfurada. Não menos ousada, a perua trazia as lanternas traseiras em posição elevada, nas colunas, tendência lançada em 1990 pela GM nas minivans Lumina, Silhouette e TransSport.
Essa versão não fez sucesso em muitos mercados e foi reestilizada pouco depois, perdendo os estranhos faróis. A oitava geração mantinha a variedade de carrocerias (sedã, perua, hatch e liftback) e motores - os mesmos 1.3 e 1.6 a gasolina e 2.0 a diesel, somados de um 1.8 de 110 cv para a perua com tração integral.
A diversidade de estilos continuou na nona e presente geração, com grande (e bem-vinda) ampliação da distância entre-eixos para 2,60 metros, que beneficiou muito o espaço interno. Japoneses e europeus a tiveram em 2001, com frente e traseira compactas e uma ampla linha que incluía a perua (chamada de Fielder), os hatch de três
Já os americanos receberam apenas o quatro-portas um ano depois, com seções anterior e posterior alongadas e um estilo geral mais elegante, que passava a sensação de um carro de segmento superior. O mesmo desenho seria usado na Tailândia e no Brasil. Nos EUA, o único motor era o 1.8 com variador de fase e 130 cv, mas na linha 2004 veio o XR-S, com acessórios esportivos e a versão de 170 cv usada no Celica. Possui câmbio de seis marchas, rodas de 16 polegadas e, como os demais Corollas, hoje pode vir com controle de estabilidade (conhecido como ESP - Estability Program) e bolsas infláveis laterais.
No Brasil
Embora tenhamos recebido a primeira fábrica da Toyota fora do Japão, em 1958, para montagem e posterior fabricação do jipe Land Cruiser, aqui rebatizado Bandeirante, precisamos esperar exatos 34 anos para ter contato com o Corolla. É verdade que a marca cogitou de produzí-lo aqui na década de 1970, mas os planos foram sempre descartados, até que a reabertura das importações, em 1990, permitiu sua chegada ao Brasil com menores investimentos.
Sedã e perua da 7ª geração foram os primeiros Corollas a chegar ao Brasil, com motor 1.8 de 115 cv.
Nosso primeiro Corolla foi o sedã de sétima geração, em 1992, com motor 1.8L 16V de 115 cv e versões DX e LE, esta a superior. Compacto, oferecia acabamento bem-cuidado e relativo conforto para concorrer com os nacionais Monza, Santana, Versailles e Tempra e com numerosos importados que chegavam à mesma época, como o Honda Civic. Pouco mais tarde chegava a perua Corolla Wagon, com a mesma mecânica. Em 1996 era adotada uma faixa de ligação entre as lanternas traseiras.
Em uma manobra ousada - e arriscada - , a Toyota brasileira decidia alterar o rumo do modelo para 1998. A nova geração acompanhava a renovação européia, com faróis ovais (alguns o chamavam de "Corolla de óculos") e a grade perfurada que muitos associaram a um ralador de queijo... O motor ficou menos potente, mudou para um 1.6 de 106 cv. Embora possa ter conquistado clientes mais jovens, a mudança desagradou a muita gente e exigiu um rápido reposicionamento, antes que a reputação conquistada nos anos anteriores fosse posta a perder.
Em 1999, o Corolla assumia nacionalidade brasileira, com o início de produção na unidade de Indaiatuba (SP). Era a mesma 8ª geração, mas seu estilo seguia o do modelo japonês da época, com faróis retangulares e aspecto bem mais conservador - em excesso, para o gosto de muitos. O motor passava a ser o 1.8L de 116 cv e a segurança era destacada pelo fabricante, com bolsas infláveis frontais de série nas versões XEi e SE-G (havia ainda a básica XL-i). A mais luxuosa, SE-G, vinha com revestimento dos bancos em couro. A perua desaparecia de cena.
Com a participação dos importados em declínio depois da desvalorização do real, concorria com modelos nacionais - só que agora bem mais modernos, como Vectra, Marea e o Civic. Este último, seu arqui-rival nos quatro cantos do mundo, passava a uma nova geração em 2000, o que evidenciava o envelhecimento do Corolla. Apesar da reputação de qualidade e robustez, o já defasado sedã brasileiro exigia atualização.
Logo após o lançamento da 9ª geração no exterior a Toyota passou a fabricá-lo no Brasil, em abril de 2002. O estilo adotado aqui desta vez era igual ao americano, com frente e traseira mais longas que no europeu/japonês, uma opção da marca influenciada por pesquisas de opinião do público. Estava indiscutivelmente bonito, por fora e por dentro — e bem mais espaçoso, com entre-eixos de 2,60 metros e crescimento nas demais dimensões.
As três versões continuavam, mas com dois motores inéditos: o 1.6 16V de 110 cv, na básica XLi, e um novo 1.8 16V de 136 cv para a intermediária XEi e a luxuosa SE-G, ambos com variador de fase VVT-i. O acabamento de topo incluía de série câmbio automático (opcional nos demais), bancos de couro, painel com iluminação Optitron, disqueteria no painel e ar-condicionado automático. Esse atraente conjunto levou o Corolla a assumir a liderança no segmento dos médios de luxo, colocando o Civic para comer poeira.
Em maio de 2004, depois de cinco anos de ausência, a perua retornava — desta vez com produção nacional e estilo bem mais agradável. Denominada Fielder, assim como no Japão, vinha com motor, câmbios e equipamentos similares aos do sedã XEi. Na linha 2005 o Corolla recebia nova grade e mais itens de conveniência no SE-G, como computador de bordo e limpador de pára-brisa automático.
Quem te viu, quem te vê: o pequeno Corolla de 1966, tímido no estilo e contido no desempenho, evoluiu para um belo automóvel médio, com versões de alto desempenho e ampla variedade de carrocerias em outros mercados. Para seus admiradores, o mais expressivo é que tudo isso aconteceu sem jamais abandonar seus princípios de construção bem-feita, mecânica confiável e durabilidade.
Chega as lojas a 10ª geração do Corolla.
No inicio de 2008, chega as lojas a décima geração do Toyota Corolla. Mantendo praticamente as mesmas linhas clássicas e sóbrias que se tornaram uma marca do Corolla, tendo apenas alguns retoques na frente que recebeu faróis novos com um desenho mais moderno, assim como nova grade e para-choque. A traseira também recebeu faróis novos e um novo desenho do pára-choque com linhas mais salientes. O interior também sofreu modificações, ganhando um novo painel com um acabamento mais moderno. Esta geração teve a dura missão de retomar a liderança do segmento no Brasil, perdida para Honda Civic nos anos anteriores.
A Toyota lançou o modelo 2012 do Corolla com alterações discretas. Externamente mudam apenas para-choques, grade, tampa do porta-malas e lanternas traseiras, que usam LEDs nas versões XEi e Altis. O interior traz novos tecidos de revestimento e mudanças nos tons dos plásticos.
O motor 2.0 lançado no ano passado, não recebeu alterações. As versões XLi e GLi, receberam um novo motor 1.8 16V, com variação de tempo de válvulas também nas de escapamento, antes, só nas de admissão, a taxa de compressão foi elevada de 10:1 para 12:1 entre outras evoluções. A potência subiu para 140 cv com gasolina e 144 cv com álcool, e o torque, de 18 para 18,6 mkgf. As mesmas versões oferecem agora câmbio manual de seis marchas, enquanto a automática de quatro marchas é mantida.
O Corolla 2012, recebeu um pequeno facelift, deixando-o ainda mais caro. |
Nos EUA, o Corolla recebeu um visual diferente, deixando-o mais esportivo. |
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