sábado, 11 de agosto de 2012

História do Lada Niva: um verdadeiro veículo off-road

Bom, pessoal, como tenho visto no localizador que indica as visitas no blogger, muitos dos que acessam são russos (ó o ibope que esse blog tem, hehe). Em homenagem aos russos (e aos jipeiros), juntei uns textos da internet, contando a história e alguns dados do Lada Niva, um veículo rústico que encara muito percurso que nenhum utilitário moderno anda. Se você tem o interesse de adquirir o veículo tem algumas dicas e conselhos para comprá-lo e mantê-lo.

História do Lada Niva

A história do Niva começa no início de 1970 quando a Lada começou o desenvolvimento de um veículo Jeep, como que deveria ter um processo de produção mais barato, de grande capacidade off-road e de fácil manutenção. O primeiro protótipo foi chamado de Krokodil e foi inspirado no Jeep CJ (Willys) e da Toyota FJ (Bandeirante); eram conversíveis com uma capota que pode ser totalmente removida e era movido por um motor 1300cc quatro cilindros do Fiat 124.

Estes protótipos iniciais foram considerados muito rústicos pelo governo soviético e os engenheiros da Lada voltou para a prancheta. Um novo protótipo foi projetado (chamado internamente de projeto 2121), e desta vez foi muito próximo do modelo de produção do Niva. Ele apresentava uma cabine totalmente fechada, um motor de 1600cc e construção monobloco.

Começando em 1974 a Lada passou vários anos testando rigorosamente carros pré-série no deserto do Uzbequistão e nos Montes Urais. A versão de produção do projeto 2121 foi apresentado na URSS em 1976 e foi dado o nome Niva, o que significa "campo de trigo" em russo. O exterior foi desenhado para parecer um carro de passageiros, não como um off-road brutamontes. Os projetistas do Lada Niva descreveram-no como semelhante a um "Renault 5 com chassis de Land Rover".

Os primeiros carros foram vendidos apenas na URSS e eram alimentados por um motor de 72 cv 1600cc de quatro cilindros com uma transmissão manual de quatro velocidades. A marca logo começou a exportar o Niva e eventualmente chegou a um ponto onde 80% da produção era enviada para fora do seu país de origem. As primeiras exportações para a Europa Ocidental começou em 1978 quando o Niva foi apresentado no Salão do Automóvel de Paris.


Um Niva pré-95.


Conforto, segurança e desempenho não faziam parte do seu currículo, mas eles não eram necessários. A curta distância entre eixos do Niva e seu sistema de tração nas quatro rodas permanente lhe permitia subir uma ladeira com uma inclinação de 58% e de dirigir por 3,2 metros de neve. Essas e outras capacidades off-road foram os maiores atributos que quem queria adquirir o Niva fosse comprar.

Talvez em resposta ao Panda 4 × 4, um carro de menor aspiração off-road, porém melhor equipado, os Niva foram submetidos a uma série de pequenas modificações na década de 1980, começando com os cintos de segurança traseiros em 1984. Um ano mais tarde a transmissão de quatro velocidades foi abandonada e a caixa de cinco marchas que era opcional desde o seu lançamento na Europa tornou-se padrão. Embora, no papel, pode parecer uma grande melhoria, a de quatro velocidades fosse mais consistente do que a de cinco.

Uma das maiores deficiências do Niva (especialmente quando se alinhava contra a Panda 4 × 4), foi seu grande consumo de combustível. Para remediar isso, alguns importadores da Europa Ocidental Lada equiparam-no com motores diesel emprestados de fabricantes diversos. A Lada, aderindo à tendência, passou a montar o Niva em um motor Peugeot XUD-source diesel 1900cc para os modelos 1993-1998.

Uma das maiores mudanças na produção do Niva de produção ocorreu em 1995, quando o 1600cc carburado foi abandonado em favor de um 1700cc com um sistema de injeção eletrônica monoponto de combustível. A Lada fez uma alteração na traseira,abandonando lanternas traseiras horizontais. De 1995 em diante, as lanternas traseiras eram verticais e a tampa do porta-malas se estendia por todo o caminho até o pára-choque, tornando mais fácil para a colocada e retirada de objetos pesados no porta-malas. O painel e assentos também foram modernizados.

Um Niva pós-1995.
No início de 2000 o Niva ganhou direção hidráulica e um sistema de injeção de combustível Bosch. A próxima atualização importante na linha Niva veio em 2009 com a introdução do Niva M. A carroceria e o motor permaneceram os mesmos, mas Lada alega que foram feitas mais de 250 modificações para o Niva, incluindo bancos mais modernos, amortecedores, nova calibração, freios mais potentes e uma embreagem nova.

A segurança nunca foi uma prioridade e até mesmo o mais recente Niva não vem com ABS e airbags, muito menos controle de tração. Nos últimos anos atitude de indiferença da Lada em relação à segurança passiva ela ganhou uma carga pesada de críticas em toda a Europa. É verdade que se pode dizer que todos os carros novos são muito mais seguros do que o Niva, mas esse não é o objetivo; ninguém jamais comprou um Niva com base na segurança. Foi concebido há quase quarenta anos e não pode ser comparado a carros projetados duas ou três décadas depois.

A maioria dos fabricantes hoje pode construir um carro seguro, mas quantos podem construir um carro dirigível na Antártica sem modificações?

O Niva no Brasil

Está pensando em entrar no mundo da lama, mas a grana não dá para comprar um confortável utilitário esportivo? Também não pode se dar ao luxo de ter um Willys velhinho para sofrer nas trilhas além de um automóvel comum para o dia-a-dia? Então é hora combinar um 4x4 de respeito com um modelo de cabine fechada e suspensão mais macia. Por preços entre 7000 e 9000 reais, pense seriamente num Niva.

É um modelo valente no fora-de-estrada, que encara as piores trilhas melhor que muito utilitário moderno que há por aí - graças a entreeixos curto, rodas de aço aro 16, tração nas quatro rodas com reduzida e bloqueio de diferencial central. Mas vai ter que se acostumar com o barulho excessivo e o alto consumo - menos de 8 km/litro. Antes de desistir, pense que se fosse um jipe Willys seria o mesmo consumo, nível de ruído pior, pouquíssimo conforto e nenhuma proteção contra a chuva, sendo que o último modelo do jeep Willys foi o 1983, com projeto mais antigo ainda.
Lada Niva no Atoleiro

O Niva começou a ser importado da Rússia em 1991, com um motor 1.6 de 70 cavalos, derivado da unidade do Fiat 124, carro que originou o Lada Riva (Laika no Brasil). A primeira versão a ser oferecida era a Niva 4x4, disponível até 1995. A versão CD, lançada logo depois, contava com volante esportivo Formuling e caixa desmultiplicada Gemmer, bem mais confortável que a encontrada na versão normal, ambas de origem francesa. O Pantanal foi mais uma versão do Niva, oferecido até 1994. Era preparado no centro operacional da empresa no Brasil e vinha com volante esportivo Momo, caixa de direção Gemmer francesa (a mesma do CD), quebra-mato, bagageiro de teto com capacidade para 35 kg, frisos laterais, faixas decorativas nas cores grafite, ouro, prata ou verde, dependendo da cor do carro, espelhos na cor da carroceria e guincho Warn de 4.000 lbs de capacidade.

Há ainda a pouco conhecida RC (Road Cruiser), que existiu apenas em 1995 e é uma derivação do Niva 21217. Essa versão conta com as modificações realizadas no modelo justamente em 1995, e que compreendem a tampa traseira de maiores dimensões, lanternas traseiras posicionadas verticalmente, novo painel de instrumentos, freios mais eficientes, juntas homocinéticas e radiador de alumínio com duas hélices.

Lada Niva RC 1995, com melhorias mecânicas e no design. Em 1998 veio com motor 1.7 de injeção eletrônica.
Em 1997 não houve Niva, mas, em 1998 a empresa anunciou a chegada do Niva 1.7i. Como a nomenclatura indica, o motor agora tinha 1,7 litro de cilindrada e injeção eletrônica monoponto semelhante à encontrada nos Chevrolet Corsa fabricados até 1996. A potência subiu para 82 cv. A logística para que esses carros chegassem ao Brasil era complexa: eram adquiridos pelo representante no Panamá, mas vinham de outro representante na França, que por sua vez os comprava na Rússia. Anos depois houve uma nova tentativa de trazer os carros do Uruguai, também sem sucesso.

Comprando e mantendo um Niva usado
Encontrar um Niva para comprar não é difícil, o trabalho é achá-lo em bom estado. Em geral ou está mal cuidado ou com ótimo aspecto e todo equipado com acessórios para off-road, o que faz seu preço ir para as alturas. Os problemas de qualidade no acabamento e na mecânica são muito mais freqüentes que o desejável, obrigando seus donos a criar uma série de adaptações, que funcionam bem e são baratas. O jipe era baseado nos antigos projetos da Fiat, o que explica a grande equivalência de peças com o 147.

Tenha cuidado com os Niva modificados. Em alguns casos as adaptações pioram o carro.
Modelos com extensas mudanças de carroceria, como recortes nos pára-lamas, pára-choques removidos, buracos realizados para a colocação de acessórios etc. devem ser evitados a todo custo. Como fora-de-estrada, o Niva acaba sofrendo esse tipo de modificação, que na verdade apenas torna mais difícil seu uso e eventual recuperação. Fuja também de unidades equipadas com sistema de roda-livre, pois estão mais sujeitas a problemas. O Niva é um 4x4 permanente e deve ser mantido dessa forma.

A Lada fabricava quase tudo em seus modelos e não adquiria peças de fornecedores, como todas as fábricas fazem ao redor do mundo. Dessa forma os problemas de qualidade com relação à montagem e às próprias peças se constituíam num dos pontos fracos desse modelo. Atente para rachaduras no painel e componentes do sistema de ventilação, plásticos quebrados, além das forrações.

Verifique se a tração 4x4 está operando perfeitamente e se o sistema de engate da reduzida está funcionando (quando engatada o carro transmite a sensação de força, além de ficar mais lento). Encoste o Niva em um meio-fio mais alto, engate a primeira mais a reduzida e veja se o carro “escala” o obstáculo sem trancos ou vibrações.

Mais uma fraqueza do modelo russo, devido à qualidade da chapa empregada e do tratamento que sofriam, é a corrosão. Um exame cuidadoso deve ser feito nas caixas de ar – sob as portas – extremidades dos pára-lamas dianteiros e traseiros, além do assoalho em geral, incluindo o porta-malas. Carros com marcas de solda, massa plástica e pintura em mau estado nessas regiões devem ser evitados.

Verifique se na saída de escape há uma espécie de borra: sua presença é sinal que anéis ou retentores de válvulas estão com problemas. Cuidado também com barulhos metálicos na parte superior ou na inferior do motor, sinal de problemas no cabeçote e mancais do virabrequim, respectivamente.

Com o veículo em movimento, engate uma marcha alta (quarta, por exemplo) com velocidade baixa e reacelere o veículo. O Niva deve retomar velocidade tem trancos e vibrações excessivas. Ou, com o carro parado e o motor ligado, coloque a alavanca de redução na posição neutra e engate todas as marchas sem usar a embreagem (com exceção da ré), que devem entrar sem nenhum esforço.

O Niva é um modelo valente no fora-de-estrada, conseguindo encarar as piores trilhas com boa desenvoltura. Mas os problemas de acabamento e na mecânica são muito mais freqüentes que o desejável... Dessa forma os fãs desse carro desenvolveram uma série de adaptações eficientes, que além de funcionarem bem são viáveis financeiramente.

Os exemplos são muitos. Do Fiat 147 temos as maçanetas de portas, maçaneta de abertura dos vidros, bomba de gasolina, filtro de óleo, hidrovácuo, cilindro mestre de freio e válvula equalizadora do freio, fusíveis, máquina de vidro, borrachas do sistema de escapamento, guarnição da tampa traseira (também serve a da Brasília) e chave de seta.

Mas algumas peças podem vir de outros modelos: a guarnição do pára-brisa, por exemplo, é do Passat ou da Kombi, devidamente encurtada; a palheta do limpador é a mesma empregada na porta traseira do Uno; a malfadada mola a gás da tampa do porta-malas pode ser substituída pela do Ford Ka, Monza hatch, Palio ou Kombi; o descansa-braço vem do Passat; o quebra-sol, do Corcel II.

Na mecânica as opções também são muitas: correia do alternador vem do motor VW AP; cilindro de roda traseiro é Fiorino; alternador vem do Tempra, motor de arranque do Santana, retentores de válvula do motor AP, carburador pode ser o Weber 460 (do motor CHT e linha Fiat), amortecedores dianteiros são do Opala e os traseiros são da Pampa ou Kombi a partir de 1976, as molas dianteiras são do Opala ou Del Rey e as traseiras do Corcel II ou Del Rey 1,8-L, cabo do velocímetro é do Passat e o reservatório do fluido de freio é do Fusca.

Quebrou um farol? Não se preocupe. Use os mesmos do Chevette até 1980. E até mesmo os caminhões podem servir de “doadores”, pois vem do VW 11.130/13.130 ou 6.90 o cilindro superior de embreagem.

Com isso fica mais fácil manter o Niva sempre rodando. E sem ter de gastar muito ou deixar o carro encostado numa oficina.

Ficha técnica 


Lada Niva 1.6
Motor, Dimensões e Capacidades


Dianteiro, longitudinal, 4 tempos, pistões alternativos, ignição por centelha, injeção eletrônica, monoponto sincronizada, arrefecido a água com monopropileno glicol.


Cilindros: 4 em linha


Cilindradas (cm3): 1.568


Potência máxima (cv): 73 cv / 82 cv (1.7)


Torque máximo (mkgf): 12,0 m.kgf a 3.200 rpm


Combustível: gasolina


Diâmetro e curso (mm): 79 x 80


Taxa de compressão: 8,5 :1


Entre-eixos (mm): 2.200


Comprimento (mm): 3.720


Largura (mm): 1.680


Altura (mm): 1.640


Bitola traseira (mm): 1473


Bitola dianteira (mm): 1473


Peso em ordem de marcha: 1.191 kg


Carga útil: 359 kg


Tanque: 42 litros
Direção


Tipo: setor sem fim, pode ser instalada caixa de direção com relação de multiplicação 20,8:1
Freios e Desempenho


Sistema hidráulico de duplo circuito servo-assistido, a discos para as rodas dianteiras e as tambores para as rodas traseiras, com válvula reguladora de pressão nas rodas traseiras.


Ângulo de entrada: 38º


Ângulo de saída: 32º


Vão livre: 217 mm


Travessia de água: 600 mm


Rampa máxima: 31º


Inclinação lateral máxima: 30º


Diâmetro de giro: 10 m


Consumo:


cidade: 8,5 km/l estrada: 10,5 km/l


Velocidade máxima: 136 km/h


0 a 100 km/h: 23,6 segundos
Transmissão


Mecânica de 5 marchas mais ré.


Tração


Tração integral 4x4 contínua (full time) Caixa de mudanças com 5 velocidades à frente sincronizadas e uma a ré.


Relações de transmissão:


1. º- 3,67:1


2. º- 2,10:1


3. º- 1,37:1


4. º- 1,00:1


5. º- 0,82:1


Ré: 3,52:1


Caixa de redução direta e reduzida, com bloqueio do diferencial central, comando na cabine.


Caixa de transferência: Velocidade Superior: 1,20:1 Velocidade Inferior (reduzida): 2,13:1 Relação diferencial : 4,30:1
Suspensão, Rodas e Pneus


Dianteira: independente, sobre bandejas móveis transversais com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora.


Traseira: eixo rígido com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos com 4 barras tensoras longitudinais e uma transversal.


Rodas: de aço, estampadas, aro 16, fixação com 5 porcas.


Pneus: Radiais 175/80 R16 / Lameiros 6.95x16

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