terça-feira, 15 de julho de 2014

Top 10: surpresas e decepções da Copa e sobre rodas

Quando o SUV de origem chinesa foi apresentado, poucas expectativas foram criadas em relação aos seus resultados no mercado. Oriundo de uma fabricante sem tradição no País, o X60 se compara à seleção da Grécia, que veio à Copa do Mundo e atuou de forma discreta até conquistar a classificação inédita para as oitavas de final, em que lutou bravamente até ser eliminada nos pênaltis. Já o SUV ocupa hoje a quarta colocação entre os importados mais vendidos no Brasil - dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) - superando facilmente os planos iniciais de 200 unidades vendidas ao mês, com média de 340 emplacamentos mensais no primeiro semestre de 2014. Do R7
O Onix foi projetado como a aposta da Chevrolet para o concorrido segmento de compactos. Mas assim como o Chile na Copa do Mundo, o carro se saiu bem e avançou até conquistar a posição de mais vendido para pessoa física, descontando-se as vendas para empresas e frotistas, nos meses de março e abril e, atualmente, ocupa a terceira posição no ranking geral, com 67.028 emplacamentos no primeiro semestre, de acordo com dados da Fenabrave. Os chilenos deram trabalho ao Brasil nas oitavas de final, quando o resultado foi decidido nas penalidades máximas. O mercado provou que o hatch da Chevrolet tem potencial para encarar os grandes favoritos, assim como a seleção chilena tinha uma equipe com capacidade de alcançar melhores resultados no torneio, mas os adversários, como VW Gol e Hyundai HB20, continuam sendo de peso.
Com muita tecnologia embarcada e brigando num segmento caro e de luxo, o Evoque parecia fadado a ocupar apenas um mercado de nicho. Mas quis tal mercado que fosse diferente e, hoje em dia, o SUV ocupa o posto de segundo importado mais vendido entre as marcas que não possuem fábrica no País, com 2.884 emplacamentos apenas no primeiro semestre segundo a Fenabrave. Surpresa também foi o principal sentimento em relação à seleção dos Estados Unidos que, renovada e sem Landon Donovan, seu jogador mais experiente, chegou ao Mundial sem expectativas por parte do público. Mas, após uma boa fase de grupos, o time avançou às oitavas de final e deu trabalho até a prorrogação, quando um gol enviou os americanos de volta para casa. Ambos foram frutos de grandes investimentos, mas, nem por isso, pouparam o público do reconhecimento pelo bom desempenho.
Na Copa de 1994, a equipe de Valderrama chegou a ser cotada como a favorita de Pelé para levantar a taça do mundial, mas, apesar de eliminadas precocemente, resta na memória um passado de qualidade, assim como o Golf, que construiu fama, mas perdeu o brilho após anos de esquecimento por parte da Volkswagen. Porém, uma surpreendente renovação trouxe o modelo de volta aos bons tempos com a mesma geração vendida na Europa, tal qual a Seleção da Colômbia, que era uma das favoritas para conquistar a Copa do Mundo com o inspirado James Rodriguez. Apesar de eliminada nas quartas de final, é gratificante ver atual equipe voltar a marcar época, assim como acontece agora com o hatch germânico, que ocupa a vice-liderança do segmento, com 9.629 unidades comercializadas no primeiro semestre de acordo com a Fenabrave.
O Peugeot Hoggar foi revelado com muita expectativa, pois, apesar de partir de um projeto já antigo do 207, que era um facelift do 206, trazia diferenciais como preço abaixo dos rivais e a maior caçamba da categoria. Portugal também carece de uma tradição consolidada em Copas do Mundo, apesar de trazer na equipe o jogador eleito como melhor do mundo na atualidade. Ambos provaram que ser o melhor em um ponto não garante resultados diante de rivais mais bem consolidados e estruturados. Sempre abaixo dos resultados pretendidos, a picape parece viver à espera de sua aposentadoria no mercado - com apenas 23 unidades vendidas no mês de junho, enquanto a Seleção de Portugal também não foi capaz de superar seus adversários e deu adeus ainda na fase de grupos.
O azarão Strada correu por fora da disputa entre Palio e Gol pela liderança e alcançou, em março, a façanha de veículo mais vendido do Brasil, mês de lançamento do modelo atual. A versão cabine dupla corresponde por 50% das 75.318 unidades vendidas no primeiro semestre, revelando, assim, o provável motivo para o sucesso inesperado. A Costa Rica ficou no grupo da morte, em que jogou contra três campeões mundiais, e se classificou em primeiro lugar com duas vitórias e uma derrota. Alcançou as quartas de final, em que enfrentou a Holanda e levou o jogo até as penalidades máximas, colocando em risco até mesmo uma das equipes favoritas ao título. Ambos roubaram as luzes dos holofotes para si ao superarem medalhões e provarem que no mercado automotivo e no futebol, tudo pode acontecer.
O carro apostou no diferencial do apelo esportivo, no sucesso da marca Hyundai e nas três portas, já a Espanha apostava no esquema de jogo Tiki-Taka (caracterizado por toques rápidos e posse de bola) e num elenco campeão mundial em 2010. Mas os atributos não foram suficientes para segurar as vendas - que alcançaram 3.956 emplacamentos já nos primeiros cinco meses de venda em 2011 - quando a polêmica potência abaixo do anunciado pela importadora e aquém da concorrência veio à tona. O sucesso acabou ao ponto de ter a importação ao País interrompida. A Espanha, por sua vez, não suportou a pressão por resultados e o favoritismo pouco importou, pois foi eliminada ainda na fase de grupos.
A seleção da Itália reagiu tarde nesta Copa do Mundo. Após vencer o primeiro jogo para a Inglaterra, perdeu as duas partidas restantes e acabou ficando para trás. O Bravo, por sua vez, foi apresentado na Europa em 2007, quando o mercado brasileiro de hatches médios ainda era carente de concorrência, mas a Fiat aguardou até 2010 para apresentar o modelo no mercado nacional com visual já cansado após tanta espera. O cenário já havia mudado e o Bravo não foi capaz de suportar a pressão de modelos como o Hyundai i30 e da segunda geração do Focus, restando amargar no papel de coadjuvante, com apenas 381 unidades comercializadas em junho segundo a Fenabrave, num segmento em que poderia ter reinado sozinho.
O Sonic chegou ao Brasil em 2012 em uma categoria acima da sua em conteúdo, tamanho e preço, tornando ainda mais visível a diferença entre o compacto premium em relação aos rivais médios apesar de terem preços similares. Mesmo com suas qualidades, como motor e construção modernos, o modelo foi incapaz de fazer frente aos concorrentes, assim como a Inglaterra, que teve como melhor resultado um empate. Nem seus prestigiados jogadores ou a tradição da equipe em mundiais foram capazes de reverter os resultados que pararam o time na fase de grupos após duas derrotas, assim como o Sonic, que mês de junho vendeu apenas 356 unidades, de acordo com a Fenabrave.
Quando estava em projeto, muito se especulou sobre o novo compacto da Toyota. Mas apostando mais na tradição da marca que em se adaptar ao público nacional, o carro viveu à sombra de seus concorrentes que apresentavam visual e propostas mais modernas. O Brasil também apostou muito no valor dos jogadores que venceram a Copa das Confederações, assim como se valeu de Neymar como único ponto-forte, tal qual a Toyota apostou pelo desempenho do Etios em testes de colisão. Mas isso não suficiente, pois à frente havia detalhes que o público não aprovou como painel de instrumentos central, limpador de para-brisas único e parte interna do capô sem pintura, problema que, juntos, tornaram os resultados do modelo sempre abaixo do esperado - no mês de junho foram emplacadas 2.473 unidades -, da mesma forma que o ataque formado pela nossa seleção.

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